quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Indícios Trágicos - Frei Luís de Sousa

Indícios Trágicos

 

 è Leitura que D. Madalena realiza do episódio de Inês de Castro (Os Lusíadas), que motiva a sua reflexão (acto I), o que alia o seu destino ao final trágico da figura histórica.

è Os pressentimentos de D. Madalena de que um acontecimento funesto atingirá a sua família, o que não a deixa viver o seu amor por Manuel de Sousa Coutinho de uma forma tranquila, motivando a sua insegurança, a sua angústia e impedindo a sua felicidade.

è Os agouros de Telmo, que não crê na morte de D. João de Portugal, colocando a hipótese do seu regresso, e que afirma que uma situação ocorrerá que deixaria claro quem nutria maior amor por Maria naquela casa.


è O facto de Manuel de Sousa Coutinho, antes de pegar fogo ao próprio palácio, por considerar a resolução dos governadores espanhóis uma afronta, evocar a morte de seu pai, que caíra «sobre a sua própria espada», indicando o destino funesto da sua família; por outro lado, o seu acto irá motivar a aproximação da família de um espaço que pertencera a D. João de Portugal e que a ele está ligado metonimicamente.

è Leitura que Maria faz do início da obra de Bernardim Ribeiro Menina e Moça, «Menina e moça me levaram da casa de meu pai», que indicia a sua separação da família.

è O sebastianismo de Maria indica a hipótese de regresso de D. João de Portugal que, tal como D. Sebastião; desaparecera na Batalha de Alcácer Quibir.

è As visões de Maria (motivadas pelo seu temperamento romântico, pela imaginação e aguçadas pela tuberculose), dado o seu carácter negativo e o facto de a impedirem de dormir, remetem, igualmente, para a ocorrência de um acontecimento funesto; às visões da personagem, acrescenta-se a sua intuição e a sua compreensão precoce das coisas).

è A visita que Maria e Manuel de Sousa Coutinho fazem a Soror Joana que fora casada com D. Luís de Portugal – o casal decidira, em determinado momento da sua vida, abandonar o mundo e recolher-se num convento.

èA decoração dos espaços físicos sofre alterações – no acto I, encontramos um ambiente alegre e aberto ao sol, que será substituído no II e III actos por uma decoração melancólica e soturna.

è Os elementos simbólicos ao nível do espaço físico, com relevância para os retratos de Manuel de Sousa Coutinho e de D. João de Portugal – a substituição do primeiro pelo segundo, aliada à substituição de espaço, é um sinal que a própria D. Madalena interpreta como fatal; a família muda-se para o palácio de D. João de Portugal, que anuncia a presença do primeiro marido de D. Madalena, apagando, simbolicamente, a presença do segundo (cujo retrato é consumido pelo fogo, apesar das tentativas desesperadas de D. Madalena para o salvar).


è O facto de a acção decorrer ao início da noite ou de noite.

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