segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Cesário Verde - características gerais

Características realistas:
  •       Supremacia do mundo externo, da materialidade dos objetos; impõe o real concreto à sua poesia.
  • Predomínio do cenário urbano (o favorito dos escritores realistas e naturalistas).
  • Situa espaciotemporalmente as cenas apresentadas ( «Num Bairro Moderno»  «dez horas da manhã»).
  • Atenção ao pormenor, ao detalhe.
  • A seleção temática: a dureza do trabalho («Cristalizações» e «Num Bairro Moderno»); a doença e a injustiça social («Contrariedades»); a imoralidade das «impuras», a desonestidade do «ratoneiro» e a «miséria» em «O Sentimento dum Ocidental».
  • A presença do real histórico: a referência a Camões e o contexto sociopolítico em «O Sentimento dum Ocidental».
  • A linguagem burguesa, popular, coloquial, rica em termos concretos.
  • Pelo facto de a sua poesia ser estimulada pelo real, que inspira o poeta, que se deixa absorver pelas formas materiais e concretas.

sábado, 13 de junho de 2015

Texto expositivo-argumentativo - Padre António Vieira

Redação de um texto expositivo-argumentativo

«O sermão ao serviço dos ideais da Contra-Reforma»

Introdução – Apresentação da tese: apresentação da tese/ideia a ser defendida ou refutada no desenvolvimento.

Ÿ  Surgimento da Contra-Reforma, como reação à Reforma de Lutero, para reabilitar os ideais da Igreja Católica;
Ÿ  Inserção do sermão na oratória sagrada;
Ÿ  Difusão da doutrina cristã como um objectivo da oratória sagrada;

Desenvolvimento – Exposição e Argumentação: faz-se uma afirmação que confirma a tese apresentada anteriormente, apresentam-se os argumentos que a defendem e dão-se exemplos que confirmem o que foi afirmado.

Ÿ  Pregador assume um papel privilegiado na sociedade, já que através do sermão se dirige a todas as camadas sociais;
Ÿ  O sermão constitui um meio de difundir as ideias defendidas pela Contra-Reforma;
Ÿ  O Pregador deverá cativar / atrair o interesse do auditório, recorrendo às figuras de retórica;
Ÿ  Tomada de consciência, por parte do auditório, dos seus erros/ vícios/ pecados e da necessidade de se emendarem/ arrependerem, convertendo-se à religião cristã;
Ÿ  Padre. António Vieira destaca-se na oratória barroca, pela forma como estruturou/ construiu os seus sermões, fazendo do púlpito um palco e da pregação um espetáculo, de modo a defender aquelas que eram para si as verdadeiras causas;
Ÿ  Exemplo no Sermão de Santo António aos Peixes, cujo objectivo é denunciar as atrocidades que os índios sofriam nas “mãos” dos sanguinários colonos.
Ÿ  A sua crítica é conseguida sob a forma de alegoria, em que os peixes simbolizam os vícios dos Homens.

Conclusão – Síntese: súmula do dito com a consolidação da tese apresentada.

Ÿ  O sermão tornou-se numa “arma” eficaz da Contra-Reforma no combate à heresia.



Início do capítulo III

1 - Insere o excerto na estrutura interna e externa da obra / Situa o excerto na globalidade da obra.

Este excerto insere-se/ situa-se no capítulo III do Sermão de Santo António aos Peixes, quando Padre António Vieira está a proceder à exposição das virtudes dos peixes, nomeadamente, às características particulares do Peixe de Tobias, cujo fel sarava a cegueira e o coração afastava os demónios. Na parte final do excerto, quando refere «Ah moradores do Maranhão…» inicia a Confirmação, fazendo uma referência irónica aos visados na sua crítica (colonos do Maranhão) e, posteriormente, prosseguindo com a apresentação das virtudes da Rémora. A anteceder este trecho, Vieira expõe as virtudes dos peixes em geral.

2 – «Ah moradores do Maranhão, quanto eu vos pudera agora dizer neste caso! Abri, abri estas entranhas; vede, vede, este coração. Mas ah, si, que me não lembrava! Eu não vos prego a vos, prego aos peixes.»

        2.1. Refere o valor expressivo/ expressividade dos seguintes recursos retóricos/ estilísticos: interjeições; frases exclamativas; verbos no imperativo; conjunção coordenativa adversativa; ironia; advérbios de afirmação e de negação.


Através da interjeição (“Ah”) e da frase exclamativa, Pdre. António Vieira inicia a sua interpelação aos «moradores do Maranhão», transmitindo-lhes a ideia de quão injustos foram os hereges com Sto. António em Arimino e, por isso, utiliza o imperativo “abri” e “vede”, pedindo-lhes que vejam as suas “entranhas” e o seu “coração”, à semelhança do Peixe Tobias. Ou seja, apela à sua disponibilidade para receberem a verdadeira doutrina contida nas palavras do pregador. A utilização da conjunção coordenativa “mas” pretende contradizer a interpelação referida anteriormente, ao dizer que não pregava para eles, mas para os peixes. Este recurso contribui para a construção da ironia, que supostamente o faz “cair em si” e relembrá-lo do seu real auditório, assim como o uso dos advérbios de negação (“não”) e de afirmação (“sim”) que, por oposição, mostram o contraste existente nos dois auditórios referenciados. Todos os processos estilísticos acima referidos contribuem para chamar a atenção dos ouvintes, fazendo-os reflectir sobre a necessidade de escutarem a verdadeira doutrina.

Capítulo I


Capítulo V - Críticas aos peixes


Capítulo III - Louvores