IDEAL
Aquela que eu adoro não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vénus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...
Na era do virtual, ir à biblioteca e consultar fisicamente obras e materiais de apoio é algo que caiu em desuso. Aqui, poderão encontrar aquelas informações que podem fazer toda a diferença no vosso estudo.
terça-feira, 2 de maio de 2017
Antero de Quental - poemas
DESPONDENCY
Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade. . .
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram. . .
Deixá-la ir a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram. . .
Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa. . .
Deixá-la ir, a nota desprendida
Dum canto extremo. . . e a última esperança. . .
E a vida. . . e o amor. . . deixá-la ir, a vida!
Ninho e filhos e tudo, sem piedade. . .
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram. . .
Deixá-la ir a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram. . .
Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa. . .
Deixá-la ir, a nota desprendida
Dum canto extremo. . . e a última esperança. . .
E a vida. . . e o amor. . . deixá-la ir, a vida!
Antero de Quental - poemas
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que reflectes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?
O mundo é grande – e esta ânsia me aconselha
A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
mas a ara só lhe encontro. . . nua e velha. . .
Não é mortal o que eu em ti adoro.
Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos. . .
Pura essência das lágrimas que choro
E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que reflectes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?
O mundo é grande – e esta ânsia me aconselha
A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
mas a ara só lhe encontro. . . nua e velha. . .
Não é mortal o que eu em ti adoro.
Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos. . .
Pura essência das lágrimas que choro
E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
sexta-feira, 28 de abril de 2017
1ª Conferência Democrática do Casino Lisbonense a 27 de maio de 1871 - Antero de Quental
CAUSAS DA DECADÊNCIA DOS POVOS PENINSULARES
NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS
NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS
Meus Senhores:
A decadência dos povos da Península nos três últimos séculos é um dos factos mais incontestáveis, mais evidentes da nossa história: pode até dizer-se que essa decadência, seguindo-se quase sem transição a um período de força gloriosa e de rica originalidade, é o único grande facto evidente e incontestável que nessa história aparece aos olhos do historiador filósofo. Como peninsular, sinto profundamente ter de afirmar, numa assembleia de peninsulares, esta desalentadora evidência. Mas, se não reconhecermos e confessarmos francamente os nossos erros passados, como poderemos aspirar a uma emenda sincera e definitiva? O pecador humilha-se diante do seu Deus, num sentido acto de contrição, e só assim é perdoado. Façamos nós também, diante do espírito de verdade, o acto de contrição pelos nossos pecados históricos, porque só assim nos poderemos emendar e regenerar.
segunda-feira, 13 de março de 2017
A propósito da decoração da Toca em Os Maias
Os
pecados que decapitaram João Baptista
Uma das maiores injustiças da história
bíblica foi a decapitação de João Baptista (Marcos 6:14-29). Eis os fatos: João
tinha pregado contra o casamento do rei Heródes com Herodias e, por
conseguinte, Heródes pô-lo na prisão. Heródes não desejava ferir João, mas
Herodias odiava-o. Mais tarde, numa celebração de aniversário em que estavam
presentes importantes figuras da sociedade, a filha de Herodias, Salomé,
apresentou uma dança insinuante. Heródes, tendo ficado extasiado com a dança,
prometeu-lhe, sem pensar, fazer tudo o que ela desejasse. Após consultar a mãe,
Salomé solicitou a cabeça de João sobre o seu prato. Heródes não queria matar
João, mas não queria voltar atrás na promessa que tinha feito diante de tantos convidados.
Assim João foi decapitado.
Quatro
pecados que conduziram a essa tragédia.
§ Um
casamento ilícito. João disse a Heródes que ele não tinha o direito
de estar casado com Herodias.
§ Uma
dança sensual. Somos uma sociedade tomada pela sensualidade –
boates, filmes, revistas e programas na televisão alimentam o apetite cada vez
maior pela sensualidade. Deus exige a pureza de vida e de pensamento
(Filipenses 4:8; Romanos 13:13-14).
§ Uma
promessa precipitada. Heródes não tinha o direito de prometer a
Salomé o que ela quisesse. Era como um cheque em branco.
§ Covardia.
Heródes deveria ter renunciado o seu voto precipitado, Se o cumprisse,
levaria-o a pecar. Mas ele recusou para não perder o prestígio diante dos seus
convidados. Devemos fazer com coragem o que é certo, ainda que nos exija voltar
atrás e passar vergonha diante das pessoas.
quinta-feira, 9 de março de 2017
quarta-feira, 8 de março de 2017
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